quarta-feira, 12 de outubro de 2011

Folha de S.Paulo - Benjamin Steinbruch: Comer de cumbuca - 11/10/2011

Folha de S.Paulo - Benjamin Steinbruch: Comer de cumbuca - 11/10/2011:

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BENJAMIN STEINBRUCH

Comer de cumbuca


Sonhe grande, trabalhe duro, leia livros e jornais, divirta-se de forma sadia e, mais do que tudo, seja feliz

EU TENHO tanto para lhe dizer e com palavras lhe convencer.
Maioridade não é tirar carteira de motorista, ficar independente, poder sair sem avisar e sem dizer para onde, chegar em casa na hora que quiser, dormir até cansar, comer em cumbuca fora de hora, viver um mundo particular.
Pode acreditar, com 18 anos a vida muda -e para muito melhor.
Normalmente, já estamos formados física e mentalmente. Passamos a ser senhores de nós mesmos, com nossas aptidões definidas, embora um pouco confusos com a liberdade adquirida e nem sempre conscientes das responsabilidades que ela exige.
Preocupa-me essa fase de mudança para a idade adulta, porque é nesse momento que devem ser definidos os primeiros e fundamentais compromissos que assumimos para orientar nossas vidas.
Você pertence a uma boa família, que nos ofereceu a oportunidade de receber boa educação e permitiu que tivéssemos uma visão diferenciada de mundo. Nunca nos faltou nada, mas também não sobrou.
Austeridade e simplicidade são valores que cultivamos.
O trabalho sempre nos orientou. Foi por meio dele que, com inteligência e humildade, encontramos o caminho que nos permitiu sonhar grande.
Responsabilidade e determinação são duas armas importantes que a maioridade coloca em nossas mãos. Elas permitem que o jovem adulto enfrente com coragem os novos desafios de sua vida.
Ao atingir a maioridade, você deve agradecer a Deus pelo que recebeu até agora. Depois, olhar para a frente e -por que não?- pedir coisas quase impossíveis.
Se trabalhar com seriedade para isso e for atendido em seu pedido, ficará marcado para sempre pela ousadia, pela coragem, pela sensibilidade e pelo gosto do sucesso.
Reveses virão com toda certeza. É preciso estar preparado para aceitá-los como fatos normais da vida e para tirar deles novos ensinamentos. Devem servir para reflexão e para o fortalecimento necessário nos novos embates desafiadores que invariavelmente virão.
O homem, sobretudo o adulto, sofre muito com derrotas. Mas a experiência mostra que elas sempre são muito úteis para que se possa sentir mais intensamente o sabor das vitórias. E comemorá-las.
Não se isole por causa de derrotas. Fale sobre elas com os que te querem bem. As vitórias, igualmente, devem ser compartilhadas. Ganhar sozinho não tem nenhuma graça, seja no esporte, no trabalho ou em qualquer outra situação.
Seja bom e forte para ajudar os que precisam. Ajudar é muito mais fácil do que ser ajudado.
Seja curioso e aprenda tudo o que puder. A evolução no mundo é cada vez mais acelerada.
Não há como negar, você está numa competição e tem de ser melhor do que os outros. Muito melhor naquilo que se propuser a fazer. Seja corajoso e determinado, acredite em você mesmo. Faça tudo da melhor maneira possível, porque levará sempre consigo a coleção de seus atos.
Nunca se esqueça de que detalhes fazem a diferença. Preste atenção neles. Escreva as coisas interessantes e importantes para que mais tarde possa se lembrar delas em seus mínimos detalhes.
Observe e abrace a natureza -plante árvores, muitas árvores. Quanto mais cedo as plantar, melhor para você, porque terá mais tempo para observá-las.
Você é uma pessoa boa e do bem, coração enorme, um líder natural.
Sonhe grande, ame, defenda o seu país, trabalhe duro, leia livros e jornais, estude dentro e fora da escola, divirta-se de forma sadia e, mais do que tudo, seja feliz, muito feliz. Haverá sempre no céu uma estrela olhando para você. Quanto mais coisas boas fizer, mais ela brilhará.
Este artigo é dedicado a Felipe, meu filho, e aos mais de 2 milhões de jovens brasileiros que estão completando 18 anos em 2011.

BENJAMIN STEINBRUCH, 58, empresário, é diretor-presidente da Companhia Siderúrgica Nacional, presidente do conselho de administração da empresa e primeiro vice-presidente da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Escreve às terças-feiras, a cada 14 dias, nesta coluna.
bvictoria@psi.com.br

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Folha de S.Paulo - Com que ong eu vou? - 10/10/2011

Folha de S.Paulo - Com que ong eu vou? - 10/10/2011:

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COM QUE ONG EU VOU?

SEJA NA ÁFRICA OU NO PRÓPRIO BAIRRO, JOVENS FAZEM DIFERENTES TIPOS DE TRABALHO VOLUNTÁRIO E DÃO UMA FORCINHA PARA O CURRÍCULO

BRUNO MOLINERO
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Para ter uma ideia, minha lista de amigos do Facebook quase dobrou desde que virei voluntário", diz Renato Dornelas, 18, que ensina taekwondo para jovens carentes.
Ele conta, porém, que o voluntariado rendeu muito mais do que amigos e a sensação boa de estar ajudando quem precisa. A experiência fez com que ele ganhasse uma viagem para encontrar outros jovens voluntários nos EUA. Em novembro, ele participará de um encontro parecido em Londres.
É algo que certamente vai contar muitos pontos no currículo de Renato. "Fazer trabalhos voluntários ajuda na vida profissional. Mostra que o jovem é ativo e tem responsabilidade", diz Manoela Costa, gerente da Page Talent, que trabalha com estágios e trainees.
"É como um intercâmbio: conta como experiência de vida. Mas, além de dizer onde trabalhou, é preciso contar que atividades desenvolveu."
Jaqueline Damasco, 23, por exemplo, acha que a experiência como voluntária no currículo foi fundamental para que ela fosse contratada na empresa de tecnologia onde trabalha. "Quando você diz que é voluntária, chama a atenção." Há um ano, ela visita crianças com câncer pelo Graac (Grupo de Apoio ao Adolescente e à Criança com Câncer).
Mas nem tudo são flores no reino das boas ações. "Quando contei que construiria casas na favela no fim de semana, minha mãe se assustou", relembra Mariana Panseri, 19.
Já a mãe de Taís Siqueira, 20, achou que ela estava louca quando decidiu trabalhar um mês em uma ONG na Nigéria. "Passei fome, calor, tudo!" A casa não tinha chuveiro nem privada. A comida era apenas inhame e banana.
Mas valeu a pena? "Claro! Cresci muito. E foi bom para meu trabalho atual, que envolve direitos humanos." Hoje, ela trabalha em uma comissão sobre o assunto na Assembleia Legislativa de Goiás.
Maria Vitória Pieralise, 15, que visita o Hospital das Clínicas, concorda: "É pesado. Mas você se sente ótimo".

VOLTA À INFÂNCIA
Se você gosta de se vestir de palhaço, é fã de Lego ou adora ser rodeado por crianças, este é o trabalho voluntário ideal. "A gente conversa e brinca com as crianças. Às vezes, até levo brinquedos de casa", conta Jaqueline, que visita o hospital do Graac aos domingos. Na Fundação Gol de Letra, é possível monitorar as crianças enquanto elas brincam ou praticam esportes. Veja onde extravasar toda a saudade da infância:
www.graac.org.br
www.goldeletra.org.br

VERDES E FEROZES
"Sempre me preocupei com o meio ambiente. Como era meio mole para visitar hospitais, acabei no Greenpeace", diz Ranni Soares, 19. Quem quer salvar a natureza pode procurar uma das ONGs abaixo para ajudar a organizar manifestações e a divulgar campanhas. É possível dar uma força nos escritórios das organizações, também.
www.greenpeace.org/brasil/pt
www.wwf.org.br

SEM CASA, SEM COMIDA, SEM NADA
"No começo, eu tinha medo de entrar em favela", conta Mariana Panseri, 19. Mas, desde que entrou para a ONG Um Teto para meu País e começou a construir casas na periferia, ela mudou. Outra maneira de ajudar pessoas sem-teto é distribuindo comida e mantimentos. Veja mais:
www.umtetoparameupais.org.br
www.cruzvermelha.org.br
www.anjosdanoite.org.br

LONGE DE CASA
Nada de férias na Disney. Há quem prefira visitar a Nigéria, a Namíbia ou a Índia. Em vez de hotéis, casas de família. No lugar da piscina, trabalho duro. É possível tentar salvar animais em risco de extinção, ajudar na educação de crianças muito pobres ou tentar melhorar a condição de vida dos adultos. "Trabalhei com gente escravizada. O problema é que, na casa em que fiquei, a empregada era escrava", lembra Taís Siqueira, 20. Veja empresas que têm programas do tipo:
www.ci.com.br
www.experimento.org.br

EDUCAÇÃO
Atenção, classe! Quem tem facilidade para ensinar pode ser professor voluntário em escolas públicas, cursinhos comunitários e outras instituições. "Não dou aulas para ajudar pobres coitados. Estou lá para encontrar pessoas e traçar uma relação com elas", diz Ian Oliver, 22, que dá aulas de literatura no Cursinho da Psico, na USP. Além disso, ele também trabalha em escolas particulares. "É muito diferente.
O cursinho é mais proveitoso. A proximidade com os alunos é bem maior." Veja exemplos:
www.cursinhodapsico.org
amigosdaescola.globo.com

Folha de S.Paulo - Protesto anticapitalista chega a Washington - 10/10/2011

Folha de S.Paulo - Protesto anticapitalista chega a Washington - 10/10/2011:

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Protesto anticapitalista chega a Washington

Manifestantes criam Ocupe DC, em referência ao movimento semelhante em Nova York

Tyrone Siu/Reuters
A exemplo de seus colegas em NY, manifestantes em Hong Kong protestam contra o capitalismo e o sistema financeiro

LUCIANA COELHO
DE WASHINGTON

O vendedor Anthony Allen, 38, chegou à praça McPherson, em Washington, há uma semana. Desde então, acampa ali, protestando para que o país "debata mais seus problemas de fundo, ao invés de só exigir soluções".
Allen e seus colegas foram inspirados pelo Ocupe Wall Street, que há três semanas toma uma praça vizinha à rua sede do mercado financeiro em Nova York. Na tentativa de disseminar a ideia pelo país, criaram o Ocupe DC (DC, Distrito de Columbia, é sinônimo de Washington).
"Podemos ficar aqui até o inverno, vai saber. As pessoas precisam é parar para debater", disse ele à Folha, enquanto observava as filhas de sete e quatro anos na praça -as meninas não acampam ali, estavam só "visitando".
O grupo de Allen, de cerca de 150 pessoas ontem, marchou à tarde pela Rua K, onde ficam os escritórios de lobby. "Nenhum político ainda veio conversar conosco, mas os lobistas, sim -já é algo."
Querem falar sobretudo de desemprego, sistema financeiro, doações de campanha.
Na véspera, uma marcha de outro grupo inspirado no Ocupe Nova York, o movimento 11 de Outubro, acabara em confronto com os seguranças de um museu -manifestantes acusaram guardas de usar gás de pimenta. O museu foi fechado.
Allen acusa os colegas de já buscarem antes voluntários dispostos a ser presos. Na quarta, marcharão de novo.

LUIZ CARLOS BRESSER-PEREIRA

Grécia, tome a iniciativa


Caberia ao governo declarar a moratória, exigir desconto da dívida pública, sair do euro e desvalorizar a moeda


Muitos analistas criticam os líderes europeus, particularmente a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, pela timidez e hesitação que têm caracterizado suas ações.
Estou de acordo com essa avaliação, mas eu nunca vi credor tomar a iniciativa de perdoar parte da dívida do devedor. Por isso, minha crítica maior é ao primeiro-ministro da Grécia, George Papandreou.
Quando vejo sua imagem na mídia, não posso deixar de me sentir solidário com ele, dado o tamanho da crise que está enfrentando.
Mas não posso também deixar de compará-lo com o presidente argentino Fernando de la Rúa, um político tão correto e bem-intencionado como Papandreou, que, em 2001, diante da crise gravíssima da Argentina, revelou-se um fraco, ficou imobilizado, sem coragem de tomar medidas excepcionais para enfrentar uma conjuntura excepcional.
E não posso deixar de lembrar que foi preciso que um novo presidente, Eduardo Duhalde, assumisse e chamasse Roberto Lavagna para o Ministério da Economia, para que a crise fosse enfrentada com determinação e superada.
Agora, enquanto Papandreou se limita a pedir ajuda e a prometer o que não pode cumprir, pede-se aos líderes europeus que decidam por um grande socorro à Grécia e outros países em crise que envolva a reestruturação e a monetização de suas dívidas e a criação de eurobônus.
Essa é a única solução possível, é condição para que a União Europeia salve o euro e proteja seus bancos. Porque a crise maior é dos grandes bancos europeus, dada sua alta exposição nos países já insolventes ou que caminham para a insolvência.
O Fundo Europeu de Estabilidade Financeira foi um bom passo na direção do equacionamento da crise, mas sabemos que não tranquilizou o mercado financeiro porque é insuficiente. O fundo terá que ser muito maior, e para isso será preciso que sua necessidade se torne evidente para os cidadãos europeus.
Nesse momento, quem devia estar tomando a iniciativa, quem devia estar cuidando de sua própria casa é o governo grego.
Caberia a ele fazer um plano heroico que envolvesse a declaração da moratória, a exigência de amplo desconto de sua dívida pública e a disposição de a Grécia sair do euro e desvalorizar sua moeda.
Essa é uma política arriscada? Sim, mas não creio que o custo envolvido seja maior do que o que se está pedindo da Grécia.
Pede-se um imenso corte fiscal associado a uma política altamente recessiva que baixe salários através do desemprego. Por meio do plano grego, o desconto seria maior, e o corte fiscal, menor, e o reequilíbrio da conta corrente do país seria obtido pela desvalorização da moeda nacional e não via desemprego.
Diante dessa iniciativa grega, os líderes europeus terão duas alternativas. Ou ficarão indignados, mas isso não resolverá o problema de seus bancos e de sua Europa, ou ficará mais claro para os eleitores o que está em jogo. Não é só a Grécia mas toda a Europa e seus bancos.
Assim, seus governos adquirirão a legitimidade política que hoje não têm para tomar as medidas necessárias para conservar a Grécia no euro e para promover a reestruturação da sua dívida de maneira administrada.

AMANHÃ EM MUNDO
Clóvis Rossi